quinta-feira, 21 de outubro de 2010 | By: Alexandre Devereaux

Helenismo

por Lucas Santos Barbosa


O Helenismo é um movimento que se deu nas várias esferas sociais do século IV a.C., ultrapassando inclusive, a era do domínio político Macedônico sob Alexandre, o Grande, este provavelmente chegou a ser aluno de Aristóteles, fator que ajudou-o a espalhar a cultura grega em todo mundo Antigo. O helenismo se moveu mais no âmbito filosófico-religioso, já que é aí que vemos suas maiores influências. Basicamente, este movimento caracteriza-se pela difusão da cultura grega como sendo universal, e, de fato, se espalhou pela Síria, Egito e por todo o ocidente, e mesmo depois da ascendência do Império Romano.

Podemos compreender que o Helenismo tem suas raízes mais profundas no pensamento dos três mais influentes filósofos gregos até o período, que foram Sócrates, Platão e Aristóteles, e secundariamente, alguns dos Pré-Socráticos. A filosofia do período Helênico não é simplesmente uma reprodução das idéias desses filósofos, mas uma re-leitura dos mesmos. Podemos classificar os principais movimentos e escolas do período e identificar suas maiores influências:

O estoicismo, iniciado por Zenão, baseia-se em um pensamento monista, já sendo contrário a Platão, que é dualista. Entende-se, no estoicismo, que cada ser humano faz parte do macrocosmo, sendo ele mesmo um micocosmo indivisível, e parte da totalidade universal, o que é o ponto de partida para a ética estóica. Era ensinado no estoicismo que todos deveriam suportar o sofrimento e aceita-lo com naturalidade, não temendo nem a morte.

O Neoplatonismo, como já indicado pelo nome, tem suas bases em Platão e é dualista, dizendo que homem é corpo e alma, dois lados distintos e praticamente estanques da natureza humana, de modo que toda matéria é considerada má em si mesma, vinda do Demiurgo, criador da matéria, e, consequentemente, mau em essência. Portanto os homens devem buscar sua união com o Uno, que seria o ser espiritual supremo, no qual todo espírito humano tem parte. O principal idealizador desta corrente foi Plotino.

Os epicureus, que levam o nome de seu fundador, Epicuro, buscavam como bem supremo, o prazer, este na sua forma mais completa, não apenas vinculado aos sentidos, mas ao bem estar em geral. O fundador desta corrente ensinava no seu jardim particular, e as pessoas o procuravam em busca de conforto. Ao contrário dos estóicos, estes buscavam fugir do sofrimento.

Por fim, os Cínicos, que tem grande influência de Sócrates, procuravam viver em total simplicidade, e desapego às coisas materiais, e conforme faziam os estóicos, procuravam ser insensíveis ao sofrimento e aos males da vida. Um mestre cínico fez uso da teoria atômica de Demócrito, dizendo que tudo, inclusive a alma, é feito de matéria, e, eventualmente desaparecerá e se dissociará. Portanto, a felicidade não deve ser atrapalhada por qualquer casualidade, e os sentimentos que causam dor precisam ser suprimidos.

É importante notar que estas escolas filosóficas possuíam grande alcance popular, e não deixam de ter conteúdo religioso. Propunham uma salvação através da filosofia. Os seguidores chamavam seus mestres de soter (salvador), e viam nestas correntes a realização dos seus anseios pessoais. Devemos crer que a filosofia do período helênico tem muitos outros viés além dos supracitados, mas estes já nos dizem muito sobre o que chamamos de Helenismo, movimento importante para estudarmos qualquer corrente espiritual e ou filosófica do Mundo Antigo.

0 comentários:

Postar um comentário